fevereiro 3, 2025

Parque Nacional do Iguaçu: A casa das cataratas brasileiras

Por Diego Amaral

Criado em 1939 durante o governo Getúlio Vargas, o Parque Nacional do Iguaçu é uma unidade de conservação localizada no sul do Brasil, na região da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, conhecido principalmente pelas Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais do mundo. O parque cobre uma área de aproximadamente 185 mil hectares, abrigando uma rica biodiversidade de fauna e flora, além de paisagens deslumbrantes.

Várias atrações em um só lugar

Localizado a cerca de 18 km do centro de Foz do Iguaçu, o Parque Nacional do Iguaçu, atualmente administrado pelo consórcio Urbia + Cataratas é um dos destinos nacionais mais visitados. Segundo informações do Portal da Cidade de Foz de Iguaçu, ​em 2024 o parque recebeu 1.893.116 visitantes, tornando-se o terceiro maior número de visitas na história do parque, atrás apenas de 2018 e 2019. Desses visitantes, 1.119.590 foram brasileiros, estabelecendo um recorde nacional. Além disso, o parque quebrou o recorde de nacionalidades atendidas, com turistas de 190 países, superando a marca anterior de 178 nacionalidades registrada em 2019.

Detalhes da fachada na entrada do parque

A experiência da visita ao parque já começa na recepção. Devido a alta procura por ingressos, especialmente durante feriados, férias escolares e temporadas de final de ano, é necessário agendar previamente o horário em que a visitação será realizada. Importante lembrar que, uma vez dentro do parque, o visitante poderá permanecer durante o tempo que desejar, desde que não ultrapasse o horário de funcionamento do parque (na temporada de verão o acesso ao parque se encerra as 16:00, sendo permitida a permanência até as 18:00).

Ainda sobre os ingressos, esses podem ser adquiridos diretamente no site oficial do parque (Cataratas do Iguaçu – Parque Nacional do Iguaçu – Paraná – Brasil). Na data de hoje (março/2025) o ingresso para brasileiros e demais visitantes que vivem no Mercosul custa 105 reais. Nesse mesmo site também é possível comprar ingressos para outras experiências exclusivas no parque lançadas recentemente, como a noite nas cataratas + jantar de massas (a partir de 290 reais por pessoa), pôr-do-sol nas cataratas + bebidas (a partir de 195 reais por pessoa), além do amanhecer nas cataratas + café da manhã (a partir de 230 reais por pessoa).

Dito isso, é hora de começar o passeio. Próximo a recepção, além de banheiros e várias lojas de suvenirs e lembranças do parque, está o ponto de saída dos ônibus. A distância da entrada do parque até os mirantes da cataratas é de cerca de 2 km, que poder ser percorridos a pé, por meios de trilhas ou através dos ônibus ofertados gratuitamente pelo parque (incluídos no ingresso de visitação).

Fila para acesso ao parque e embarque de passageiros
Ônibus panorâmico que leva os turistas até as principais atrações do parque

O ônibus panorâmico, além de proporcionar um excelente visual da natureza do parque, possui áudio guia em português, inglês e espanhol. São passadas informações sobre as atrações do parque e detalhes sobre as paradas. Uma dessas atrações é o Hotel das Cataratas, conhecido por sua arquitetura no estilo colonial português e famoso por abrigar celebridades e artistas durante a sua passagem por Foz. É a única opção de hospedagem dentro do parque, está localizado logo em frente ao acesso a trilha dos mirantes e o valor das diárias parte de cerca de 5 mil reais.

Detalhes da fachada do Hotel das Cataratas, uma opção de hospedagem exclusiva e de luxo dentro do parque nacional.

Como a hospedagem nesse hotel está um pouco fora do orçamento deste que lhes escreve, o vlog pelos quartos e demais dependências do hotel fica para um post futuro. Dando sequência ao passeio, é hora de desfrutar das paisagens magníficas proporcionadas pelos mirantes do parque. As imagens falam por si só.

Vista do primeiro mirante, situado logo após o acesso ao hotel das cataratas.

Um ponto interessante de comentar é que, pelo fato das trilhas estarem situadas em meio a mata e em diferentes graus de desnível, a presença de escadarias com vários degraus de faz necessária, tornando a área pouco acessível à cadeirantes e demais pessoas com mobilidade reduzida. A referida trilha se estende por pouco mais de um quilômetro, proporcionando diferentes vistas de vários pontos das quedas d’água.

Vista para a passarela que leva até o ponto mais próximo da famosa “Garganta do Diabo”, que é a maior queda do rio Iguaçu.

No final da trilha existe uma estrutura de banheiros e restaurantes, além de elevadores que dão acesso a um dos pontos mais fotogênicos das cataratas. Lá também é possível contratar o serviço de algum dos vários fotógrafos que trabalham no local, garantindo assim uma boa recordação do passeio. Como dito anteriormente, por ter acesso via elevador, esse ponto pode ser acessado por cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

Não pude deixar de garantir a minha foto no local.

Por mais que se tente usar adjetivos, é muito difícil explicar a sensação de estar cara a cara com uma obra da natureza tão grandiosa e única como as cataratas do Iguaçu. O espetáculo das enormes quedas d’águas, mesmo estando em volumes pouco maiores que o usual, é uma das vistas que todo mundo deveria ter pelo menos uma vez na vida.

Já comentei sobre o número de visitantes de outras nacionalidades no início do post, mas um fato que me chamou muito a atenção foi a numerosa presença de orientais, sobretudo Coreanos. Lembro de ter visto dois ônibus de empresas de turismo fretados exclusivamente para atender esse pessoal, eles usando bonés e camisetas com os dizeres “Expedição Cataratas do Iguaçu” ou algo do tipo. Além de tirarem várias fotos e gravarem vídeos, muitos faziam chamadas de vídeo para familiares ou amigos. Isso foi o que me deixou mais intrigado, pois raramente vejo Brasileiros ou pessoas de outras nacionalidades compartilhando “ao vivo” momentos como esses. Certamente visitar as cataratas era algo que estava nos planos destes a muito tempo e eles não hesitaram em compartilhar o momento com pessoas queridas.

Uma incrível vista das quedas d’água

Como já é de praxe por aqui, é hora de trazer alguns números e curiosidades sobre o Parque Nacional do Iguaçu:

Número de quedas: As Cataratas do Iguaçu são compostas por cerca de 275 quedas d’água (cerca de 40% destas – 100 quedas – estão no lado brasileiro), distribuídas ao longo de 2,7 quilômetros de extensão do Rio Iguaçu. Todos as quedas possuem um nome, e infelizmente no lado brasileiro (ao contrário do argentino), não existem placas ou meios que identifiquem as mesmas para os visitantes;

Altura das quedas: A altura das cataratas varia entre 60 e 82 metros, sendo que a maior queda, conhecida como Garganta do Diabo, tem aproximadamente 80 metros de altura.

Largura: As Cataratas do Iguaçu possuem uma largura total de 2.700 metros, o que faz delas uma das maiores do mundo em termos de extensão.

Volume de água: O volume de água que passa pelas cataratas pode atingir 6.500 metros cúbicos por segundo, dependendo da época do ano e das condições climáticas.

Formação geológica: As cataratas foram formadas há cerca de 200 milhões de anos devido a uma atividade vulcânica e um processo de erosão que modificou o leito do Rio Iguaçu.

Área do Parque Nacional do Iguaçu: O parque ocupa uma área de 185.000 hectares, com grande biodiversidade de fauna e flora, principalmente da Mata Atlântica.

Uma curiosidade é que Alberto Santos Dumont, considerado o pai da aviação motorizada no mundo, teve influência, mesmo que indireta, na criação do Parque Nacional do Iguaçu. Após sobrevoar as cataratas em 25 de Abril de 1918, Dumond, ele escreveu à Frederico Engel, engenheiro agrônomo e naturalista alemão: “Posso dizer-lhe, Frederico Engel, que estas maravilhas em torno das cataratas não podem continuar a pertencer a um particular”. Engel foi o responsável pela primeira expedição científica à região das Cataratas do Iguaçu em 1910, onde ele documentou a biodiversidade e os recursos naturais da área. Sua pesquisa e suas observações ajudaram a destacar a importância ambiental das Cataratas e da região ao redor, um passo crucial para o reconhecimento da necessidade de conservação da área.

Santos Dumont, além de ser um aviador e inventor de grande renome, também se preocupava com a preservação do meio ambiente e tinha grande apreço pela natureza. Ele foi uma das figuras que, em sua época, ajudou a dar visibilidade à importância da preservação ambiental, inclusive sendo favorável à criação de parques e áreas protegidas. O parque foi criado principalmente para proteger as Cataratas do Iguaçu, que estavam sendo ameaçadas pela exploração de suas águas e pela construção de obras ao redor da área.

Estátua em homenagem à Dumond, com a reprodução do trecho da sua carta à Engel.

Ao final da trilhas das cataratas existe um complexo turístico com banheiros, restaurantes e diversas lojas onde é possível comprar desde camisetas, chaveiros, até mesmo quatis de pelúcia. Embora os quatis sejam os animais mais populares no parque e famosos por furtarem os lanches e objetos dos turistas, não avistei nenhum destes durante o tempo que permaneci por lá. Ainda neste complexo turístico está a parada de ônibus que leva os turistas de volta à portaria do parque, com parada nas demais atrações.

No parque são oferecidas outras atrações, pagas e gratuitas, além das trilhas das cataratas. Irei falar um pouco sobre elas abaixo.

Demais atrações do Parque Nacional do Iguaçu

O parque possui algumas atrações além das cataratas, que são o carro-chefe. As trilhas, embora pouco frequentadas pelos visitantes (se comparadas com o circuito das cataratas), podem ser uma experiência bem interessante de imersão na Mata Atlântica. Ao finalizar o circuito das cataratas, peguei o ônibus sentido ao centro de visitantes/recepção e desci na primeira parada. Percorri a trilha do Caminho das Bananeiras, que é uma caminhada de pouco mais de 1.3 km, finalizando em um ponto às margens do Rio Iguaçu. É impressionante como o rio Iguaçu corre sereno nesse ponto, é realmente difícil de acreditar que poucos metros adiante existe um enorme desnível que resulta na formação das cataratas.

Em resumo, o passeio é uma trilha que termina no rio. Não espere mais que isso. Como sou fã de trilhas e caminhadas, gostei bastante.

Trecho do Rio Iguaçu, à poucos metros das cataratas.
Demais trilhas do parque e suas respectivas distâncias/tempo de duração.

Para os amantes das magrelas, existem várias opções de passeios de bike pelas trilhas, alguns com percursos de distâncias consideráveis, como é o caso do Caminho do Poço Preto, de 18.58 km. Outro passeio que é famoso no parque é o Macuco Safari, um passeio que oferece aos visitantes uma combinação única de ecoturismo, aventura e contato direto com a natureza. É dividido basicamente em 03 etapas:

Selva: Inicia-se com um passeio de 2 km pela selva do parque, conduzido por veículos ecológicos movidos a eletricidade, proporcionando uma vista panorâmica da vegetação local;

Trilha: Seguindo, há uma caminhada de 600 metros pela mata, guiada por profissionais do parque, que compartilham informações sobre a fauna e flora locais;

Barco: A etapa final é a mais emocionante: um passeio de barco até a base das Cataratas do Iguaçu, onde os visitantes podem sentir a força das águas e, dependendo do nível do rio, até se molhar.

Os ingressos custam a partir de 192 reais, sendo que moradores de Foz do Iguaçu e municípios lindeiros ao Parque Nacional do Iguaçu têm 50% de desconto, mediante comprovação de residência. Na oportunidade, optei por não fazer esse passeio, deixando para o lado Argentino das cataratas, que segundo algumas pesquisas que fiz, é uma experiência mais intensa. No post sobre o lado Argentino eu falo mais sobre como foi o passeio.

Recentemente foram lançadas novas experiências no parque, como o Amanhecer nas Cataratas, que se inicia nas primeiras horas da manhã e inclue transfer + café da manhã. Os ingressos podem ser adquiridos diretamente no site do parque ou então com as operadoras de turismo.

Mapa turístico completo das atrações do Parque Nacional do Iguaçu

Dicas finais

Em um dia completo é possível conhecer com tranquilidade os principais atrativos do Parque Nacional do Iguaçu. Para quem deseja fazer as trilhas mais longas, sugiro dois dias. Acabei adquirindo ingressos para dois dias, já que iria passar 05 dias em Foz e a previsão era de chuva naquela semana. Acabou que não choveu e eu visitei o parque em duas ocasiões mesmo assim rsrs (não é sempre que a gente tem a oportunidade de visitar um das 7 maravilhas da natureza, não é mesmo?). Ficam algumas dicas finais:

Transporte: Caso você não seja um morador local e não esteja com carro, o deslocamento do centro de Foz até o Parque Nacional é mais eficiente (e econômico) de ônibus do que de Uber. Nesse post eu falo com mais detalhes sobre como funciona o transporte público em Foz e suas facilidades (e não, não estou sendo pago para fazer propaganda do transporte público de Foz rsrs).

Necessidade de Guia ou Agência: Não vejo necessidade, visto que os ingressos podem ser adquiridos diretamente no site oficial, existem opções de deslocamento de Foz até o parque e no valor da entrada já está incluso o transporte no interior do parque.

Melhor época do ano para visitar: O parque pode ser visitado durante o ano todo, porém durante a época das chuvas (meses de outubro e março, com pico de chuvas entre dezembro e fevereiro) as cataratas se encontram mais cheias e volumosas, o que torna o espetáculo ainda mais impressionante. Passeios como o Macuco Safari ficam mais emocionantes, com mais água e força nas quedas. Mas caso você prefira menos chuva e mais caminhadas tranquilas, o ideal seria visitar entre abril e setembro.

Conhecer as Cataratas do Iguaçu é um marco na vida de qualquer pessoa, e comigo não foi diferente. Espero que esse post tenha, de alguma forma, ajudado no planejamento da sua visita ao parque. Caso tenham ficado dúvidas ou se você tem alguma informação a acrescentar, não deixe de comentar. Até a próxima!